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O que esperar de uma psicóloga?

Atualizado: 24 de jun.


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Este post pode parecer bastante óbvio, mas, diante do cenário da Psicologia brasileira, ainda se faz necessário. O que vou escrever aqui cabe em qualquer abordagem da Psicologia.


A princípio, eu poderia dizer que se espera de uma/o psicóloga/o que ela/e tenha uma escuta especializada e acolhedora. Mas o que isso significa?


Significa que a/o profissional precisa estar em constante aprimoramento e em contato com a teoria. Respostas vagas, senso comum e achismos não cabem em um processo psicoterapêutico. Afinal, é a nossa formação especializada que nos diferencia de um/a amigo/a ou colega com quem você pode desabafar livremente e de forma gratuita.


A/o profissional precisa ser acolhedora/or e não realizar julgamentos morais. Isso significa que é dever da/o psicóloga/o acolher, respeitar e validar aspectos da vida do indivíduo, como:


1.      Sua identidade de gênero, empregando aqui os pronomes com os quais a pessoa se identifica.

2.      Sua sexualidade, seja ela monossexual[1] (hétero, gay, lésbica) ou monodissidente[2] (bi, pan).

3.      Sua configuração familiar, seja ela considerada ‘tradicional’ ou não. Aqui entram as chamadas relações não-monogâmicas consensuais (poliafetivas, casais abertos, famílias pluriparentais, comunidade swingers, etc.).

4.      Seus fetiches e práticas sexuais não convencionais.

5.      Sua religião.


Afinal, é vedado a/ao psicóloga/o pelo Código de Ética Profissional do Psicólogo:


“Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito quando do exercício de suas funções profissionais“  (2022, p. 9).


Espera-se que a clínica seja um lugar de acolhimento do sofrimento psíquico e de respeito à diversidade humana — e não um local onde violências sejam perpetuadas.


É dever da/o psicóloga/o respeitar a diversidade étnico-racial e regional de suas/seus clientes, procurando se aprofundar nos aspectos socioculturais que atravessam a vida de cada indivíduo.


Também não cabe à/ao psicóloga/o induzir a/o cliente a tomar determinadas decisões que a/o profissional julga mais adequadas. O intuito da psicoterapia é tornar aspectos, sentimentos e comportamentos inconscientes em conscientes, para que a/o cliente possa tomar decisões sobre a própria vida com mais nitidez e objetividade. Ninguém te conhece melhor do que você mesma/o — e só você pode decidir como viver a sua própria vida.


Não cabe à/ao psicóloga/o realizar comparações da/o cliente com terceiros que reforcem sentimentos de inferioridade e inadequação. Pode parecer absurdo, mas já ouvi histórias assim na clínica!


E não! NÃO é normal que a/o psicóloga/o utilize o tempo da sessão para falar da sua vida pessoal. O momento da sessão clínica é seu — o que importa é a sua vida, e não a do psicoterapeuta. Em alguns casos, se a/o psicoterapeuta julgar necessário, ela/e pode compartilhar brevemente algo de sua própria experiência, desde que isso traga conforto ou auxilie a/o cliente de alguma forma.


Por fim, é dever da/o psicóloga/o respeitar o sigilo profissional, a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade de pessoas, grupos ou organizações a que tenha acesso no exercício da profissão.


[1] Monossexualidade é uma orientação sexual que envolve atração exclusivamente por um gênero.

[2] Monodissidência, plurissexualidades, multissexualidades ou não monossexualidade, são termos guarda-chuva para orientações sexuais que indicam atração por mais de um gênero.

 
 
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